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Texto sobre alimentação - parte 4

Page history last edited by Alexia 16 years, 2 months ago

Em todo o país, é ingrediente de inúmeros pratos característicos das diversas regiões. Mencionando apenas alguns, a farinha de mandioca é, no Sul, indispensável ao churrasco. Já em Minas Gerais, é misturada ao feijão para criar o tutu à mineira e é usada na vaca atolada. Em São Paulo, a farinha é novamente misturada ao feijão para criar o virado à paulista. Na Bahia, a mandioca cozida e amassada faz o bobó de camarão. No Centro e Sudeste, o feijão-tropeiro. No Norte, além do tucupi, podemos lembrar a maniçoba, feita com folha de mandioca brava. Em Pernambuco, o bolo Souza Leão. E, em todo o Nordeste, a tapioca, feita com a goma (polvilho doce).

Comida do cotidiano, o feijão com arroz acompanhado por farinha de mandioca assume outro caráter quando se transforma num prato emblemático – possuidor de um sentido unificador e marcador de identidade –, oferecido ao estrangeiro quando se quer apresentar a cozinha brasileira, traduzindo a nacionalidade e, assim, alçado a prato nacional: a feijoada. E ela é feita justamente com os três elementos fundamentais da cozinha do dia-a-dia do Brasil, uma derivação dessa combinação cotidiana, mas cujas características não estão tanto nos ingredientes acrescidos quanto no sentido do prato, festivo e emblemático.

Não há consenso sobre a origem da feijoada. Segundo versão corrente – que atualmente vem sendo contestada –, a feijoada teria sido criada nas senzalas, por escravos e escravas. Qualquer que tenha sido sua origem, sabe-se que é um antigo hábito brasileiro misturar feijão com toucinho e carne-seca.

Uma feijoada (também chamada feijoada completa) necessita de feijão preto, cozido com várias carnes – carne-seca; pé, orelha, rabo e pele de porco; toucinho; lingüiça; e paio –, servida com arroz branco e farinha de mandioca. Embora também tenha outros acompanhamentos tais como couve, laranjas e molho de pimenta, a base do prato são os três elementos fundamentais.

Mas não são apenas os ingredientes que fazem a diferença. Ela está no significado atribuído ao prato. Uma feijoada não é, então, apenas feijão com arroz, ela é feijoada, um prato especial, que exige muito mais tempo para fazer (e para digerir), em geral reservado às ocasiões especiais, com convite aos amigos, enfim, a feijoada implica comensalidade.

Se podemos pensar no “típico” como forma estereotipada de mostrar uma cultura, podemos pensar no emblemático como forma de marcar uma identidade, agindo no reconhecimento do grupo, como esse é representado e como deseja se representar.

No Brasil, o prato representativo nacional é uma transformação dos elementos tradicionais que constituem a comida do cotidiano. Transformação que se dá, sobretudo, no significado. É quando a metáfora do corriqueiro, feijão-com-arroz, transforma-se em especial, a feijoada.

Assim, se, como vimos, na alimentação se traduz a identidade de um grupo social, no centro do debate sobre as políticas públicas voltadas para a superação da falta de comida deverá estar posta a idéia da eliminação da fome como inclusiva em uma perspectiva mais ampla que a da imperativa satisfação das necessidades biológicas. Dessa forma, deve-se buscar que o combate à fome seja construtor de cidadania. Afinal, como ainda diz a canção dos Titãs,

A gente não quer só comida,

A gente quer comida, diversão e arte.

A gente não quer só comida,

A gente quer saída para qualquer parte.

A gente não quer só comida,

A gente quer bebida, diversão, balé.

A gente não quer só comida,

A gente quer a vida como a vida quer.

Você tem fome de quê?

Referências bibliográficas

BRILLAT-SAVARIN, Jean-Anthelme. A fisiologia do gosto. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

CAMARA CASCUDO, Luis da. História da alimentação no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1983.

FISCHLER, Claude. Présentation. Communications, Paris, 31, p.1-3, 1979.

GARINE, Igor de. Alimentação, culturas e sociedades. O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, 15(7), p.4-7, 1987.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Le triangle culinaire. L’Arc, Aix-en-Provence, 26, 1965.

MACIEL, Maria Eunice. Churrasco à gaúcha. Horizontes antropológicos, Porto Alegre, 2(4), p.34-48, 1996.

______. Cultura e alimentação ou o que tem a ver os macaquinhos de Koshima com Brillat-Savarin? Horizontes antropológicos, Porto Alegre, 7(16), p.145-156, 2001.

MATTA, Roberto da. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Petrópolis: Vozes, 1984.

______. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986.

______. Sobre o simbolismo da comida no Brasil. O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, 15(7), p.22-23, 1987.

MENASCHE, Renata. Frankenfoods e representações sociais. In: CONGRESSO MUNDIAL DE SOCIOLOGIA, 10., 2000, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: IRSA, 2000. paper 419. 1 CD-ROM.

MILLÁN, Amado. Malo para comer, bueno para pensar: crisis en la cadena socioalimentaria. In: ARNAIZ, Mabel Gracia (coord.). Somos lo que comemos: estudios de alimentación y cultura en España. Barcelona: Ariel, 2002.

*Maria Eunice Maciel

Professora do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ppgas/ufrgs)

**Renata Menasche

Pesquisadora da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) e professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs)

1. As autoras fazem parte do comitê da recém-criada seção brasileira da Comissão Internacional de Antropologia da Alimentação (Icaf–Brasil), que, em uma perspectiva multidisciplinar, pretende agregar pesquisadores que se dedicam ao tema da alimentação e cultura no Brasil.

O e-mail da associação é: <icaf-br@portoweb.com.br>.

2. “Comida” foi gravada pela banda em 1987, no disco Jesus não tem dentes no país dos banguelas (WEA).

 

Fonte: http://www.ibase.br/modules.php?name=Conteudo&pid=920

 

 

1.A feijoada é um dos pratos típicos da culinária brasileira.

2.Toucinho (ou toicinho) é a gordura subcutânea do porco, usada em culinária

3. É uma planta muito utilizada como verdura na cozinha, para sopas (como a couve-galega para o Caldo Verde), e conservas (como o repolho para o Chucrute), entre outros acompanhamentos, como a couve à mineira.

 

 

                  Alex Oh 

A Senzala

 

 

 

A Senzala era um grande alojamento que se destinava à moradia dos escravos dos engenhos e das fazendas no Brasil.

As senzalas tinham grandes janelas com grandes grades e seus moradores só saiam de lá para trabalhar e apanhar. Os escravos praticamente sempre dormiam em palha ou em chão duro.

 

A carne-seca

A carne-seca, típica do Nordeste do Brasil, também conhecida como charque ou jabá, é um método de conservar carne, em geral bovina, salgando-a e empilhando-a em lugares secos. As mantas de carne são constantemente mudadas de posição, para facilitar a evaporação. Em seguida elas são estendidas em varais, ao sol, até completar a desidratação.

 

Rabo de porco

 

Toucinho

 

Farinha de mandioca

 

 

vaca  adolata

 

bobó de camarão

 feijão-tropetro

bolo souza

 

 

*estereotipado é um adjetivo,significa :marcado;de forma fixa.

                  * “Assim, se, como vimos, na alimentação se traduz a identidade de um grupo social, no centro             

                   do debate sobre as políticas públicas voltadas para a superação da falta de comida deverá                              estar posta a   idéia da eliminação da fome como inclusiva em uma perspectiva mais ampla que a da imperativa satisfação das necessidades biológicas. Dessa forma, deve-se buscar que o combate à fome seja construtor de cidadania.”

                     Esse parágrafo quer dizer: o tema central hoje deve ser modificado---não só dicute sobre                               como elimina a fome na sociedade,mas também ,com base na superação de fome,imlpementa mais para construir os elementos importantes na identidade de grupo,ou seja, cidadania.

 

 

 

*

 

 

 

Comments (2)

Sonia lishuang said

at 12:04 pm on Nov 14, 2009

que é aquele~~tantas carnes~~sempre sobre carnes~~

Amanda said

at 7:29 pm on Nov 15, 2009

Carne é uma comida muito boa! Tu, quem sempre tem saudade de carne à chinesa, não acha?

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